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4572 palavras 19 páginas
Fazendo Gênero 9

Diásporas, Diversidades, Deslocamentos
23 a 26 de agosto de 2010

“NO TERREIRO PREDOMINA MAIS A MULHER, PORQUE A MULHER
TEM MAIS CARISMA”: MÚSICA, GÊNERO, RAÇA, SEXUALIDADE E
COTIDIANO NO CULTO DA JUREMA (OLINDA, PE).
Laila Rosa1
Assim como qualquer experiência social, a experiência religiosa está repleta de representações simbólicas que têm íntima relação com o divino. A religião compõe a realidade cotidiana das pessoas, pois não se restringe a um sistema simbólico a ser decodificado, mas um conjunto de relações sociais e políticas. Religião, portanto, é um conjunto de práticas cotidianas, não algo isolado da esfera social e política, que supostamente se restringiria apenas à vida privada
(ASAD, 1993). Esta representa práticas do cotidiano, que por sua vez, estão marcadas por relações de gênero e de poder:
Se os símbolos religiosos são entendidos, em analogia com as palavras, como veículo de significados, podem estes significados ser estabelecidos independentemente da forma de vida na qual eles são utilizados?.2

No que concerne as relações de gênero no campo religioso é fundamental ter consciência de que situações em que papéis femininos e masculinos parecem ser complementares criam restrições que produzem desigualdades (SARKISSIAN, 1992, p. 342). Neste sentido, a teologia feminista vem contribuir para a elaboração crítica do não-poder feminino no âmbito religioso a partir da análise e da crítica da ontologia diminuída de Eva:
Eva disafía la prohibición divina y con ello hace entrar el mal en el mundo. Su estirpe es una estirpe maldita.
La religión prohíbe a las mujeres el ejercicio de la autoridad espiritual y las excluye de las jerarquías que son exclusivamente masculinas.3

As mitologias patriarcais esforçaram-se arduamente para reduzir o prestígio feminino que sempre esteve associado à natureza e à fecundidade. A submissão do poder feminino a serviço do patriarcado foi estabelecida justamente a partir da redução do poder simbólico feminino.

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