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Maria Thereza Fraga Rocco*
complexidade. Um trabalho satisfatório nessa área só poderá acontecer se os professores gostarem, de escrever e se, acima de tudo, forem bons leitores. Um professor que não leia, que não produza seus textos, dificilmente conseguirá trabalhar a leitura e a escrita com sucesso.
Gestos de leitura e escrita: o que pode a escola
É possível tratar das formas de ler, separando-as das formas de escrever. Na escola, no entanto, leitura e escrita, especialmente nas séries iniciais, se configuram como gestos indissociáveis. Entre os pequenos alunos, essas atividades revelam-se como as duas faces de um fenômeno muito especial.
Conforme progride a escolaridade, leitura e escrita vão sendo exploradas, desenvolvidas de forma ou mais individualizada ou então interrelacionadas por força de constantes operações de mão dupla que vão do ler para o escrever; do escrever para o ler e assim por diante.
Se a leitura hoje está em todos os lugares: nas casas, nas praças, nos trens, nos ônibus, nos out-doors de rua, o locus próprio da leitura, da aprendizagem formal da leitura, é na escola. Como também o da escrita.
A escola e seus professores, desde as séries iniciais, devem apoiar-se em sólidas bases teóricas e desenvolver uma prática eficiente para realizar atividades com leitura e com escrita em vários níveis de
* Professora titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo(USP).
Em Aberto, Brasília, ano 16, n.69, jan./mar. 1996
Além de gostar de ler e de escrever, o professor deverá ler para os e com os alunos; deverá organizar visitas à biblioteca, fazer com que leiam individualmente ou para os colegas ouvirem. O professor deverá ainda ouvir as leituras que os alunos fazem dos textos que produzem ou de outros, de natureza diversa.
Para que isso aconteça, é preciso primeiro que a escola tenha condições mínimas de trabalho; que tenha uma biblioteca ou um canto de leitura com acervo razoável. Em