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Vol. 1, nº 01, Maio/2014
EDUCAÇÃO CIENTÍFICA
Pedro Demo
Embora “habilidades do século XXI” sejam principalmente modismo, entre elas aparece muitas vezes a noção de “educação científica” (Ratcliffe & Grace, 2003.
Compayré, 2009), ou “espírito científico” (Bachelard, 1986. Macallum, 2009), e igualmente de “educação matemática” (Lesh et alii, 2007. Biehler et alii, 1993).
Aparece, ademais, a noção de “alfabetização científica” (Roth, 2004. Akdur, 2009), sugerindo que
“novas alfabetizações”
(Coiro
et
alii,
2008),
ultrapassando
significativamente a tradicional (ler, escrever e contar), exigem formação científica claramente, entre outras razões, para corresponder à sociedade intensiva de conhecimento (Castells, 2004). Em grande parte, por trás está a expectativa cada vez mais insistente de que produção própria de conhecimento é o diferencial maior das oportunidades de desenvolvimento, como sugere Amsden (2009): a chance dos países emergentes (chamados de “resto”) estaria na capacidade de valorizar conhecimento mais que o mercado e outras estratégias, contando também com o apoio do Estado.
Educação científica vem muito antes das habilidades do século XXI, sendo preocupação e desafio tradicionais em países mais avançados, em especial naqueles em que as universidades são tipicamente de pesquisa (não de ensino) e o professor se define pela autoria, não pela aula (Duderstadt, 2003). Como sugerem
Amsden e Duderstadt, “pessoas educadas e suas idéias” são a autêntica riqueza das nações, o que tem encontrado eco substancial em ambientes virtuais usados para fomentar a autoria individual e coletiva, como é o caso notório da wikipedia (Lih,
2009). Apesar de controvérsias ácidas em torno da wikipedia (O’Neil, 2009), nela pode-se aprender
como
fazer
um
texto
científico
de
qualidade,
discutir
produtivamente online, preferir a autoridade do argumento ao argumento de autoridade, participar do ambiente científico sem