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Dialética e Realismo Crítico
Eleutério F. S. Prado1

1. Introdução
O realismo crítico ou realismo transcendental é um movimento de pensamento em Filosofia, principalmente em filosofia da ciência, originariamente britânico, mas que tem se difundido por meio do surgimento, em alguns países, inclusive no Brasil, de pequenos círculos de seguidores. Iniciou-se, como se sabe, na Inglaterra, em 1975, quanto então é publicada pela primeira vez a obra fundadora de Roy Bhaskar, Uma teoria realista da ciência (Bhaskar, 1977). Ainda que esse texto se insira apenas na discussão reflexiva em ciência natural, o desenvolvimento dessa corrente tem se dado principalmente no campo da ciência social, a partir dos anos 80. Eis que esse autor publicou, já em 1979, estendendo as suas teses inconformistas para além daquele campo mais restrito, uma crítica ontológica às ciências humanas contemporâneas por meio do livro A possibilidade do naturalismo (1998). Como esses dois textos formam a base de suas concepções, neste artigo não são consideradas as obras posteriores desse autor, particularmente, o livro Dialética: pulso da liberdade, de 1993 (Bhaskar, 1993).
A importância do realismo crítico nas discussões contemporâneas sobre ciência é substantiva e contém um aspecto subversivo (Duayer, 2006). Ofereceu uma alternativa às filosofias da ciência conformadas com a mera apreensão do mundo empírico e confrontou, colocando-se na contracorrente dos modos dominantes de pensamento científico, ao mesmo tempo as tendências positivistas e as tendências pós-modernistas, respectivamente, declinantes e ascendentes no período. Essa vocação polêmica também se revelou no próprio nome do movimento que juntou os termos “crítico” e
“transcendental” do idealismo kantiano com o termo “realista”, empregado num sentido materialista. Ademais, o movimento do realismo crítico, ao pretender fornecer uma filosofia da ciência que atendesse também às demandas da crítica social no atual

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