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O jovem
Gilberto Freyre, em 1915
MANUEL CORREIA
DE ANDRADE é professor emérito de
Geografia Econômica da
Universidade Federal de
Pernambuco e diretor do Centro de
Documentação
Histórica da Fundação
Joaquim Nabuco. É autor, entre outros, de
A Terra e o Homem no
Nordeste (Atlas), As
Raízes do Separatismo no
Brasil (Unesp),
Modernização e Pobreza
(Unesp).
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Gilberto Freyre e o impacto dos anos 30
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UMA TENTATIVA DE
PERIODIZAÇÃO
ão é fácil fazermos uma periodização da obra de Gilberto Freyre; ele foi um escritor que produziu numerosos livros e centenas de artigos, ao lado de ensaios, publicados nas mais diversas revistas, num período de mais de sessenta anos, abordando temas os mais diversos. Se dividirmos a sua vida e a sua atuação, veremos que em cada período ele enfatizou mais determinados assuntos, embora, ao lado do tema principal, tenha dado ênfase a outros temas.
Para melhor compreender a sua obra e a sua posição na vida brasileira, poderíamos dividir a sua produção em quatro fases: a) a inicial, compreendendo o período em que viveu nos Estados Unidos e na
Europa, e a sua atuação no Recife, ao voltar, podendo-se admitir que ela se estendeu de 1917 a 1930, quando a sua preocupação central foi o levantamento da vida social brasileira e a sua afirmação regionalista; b) a fase que compreenderia os anos 30 e 40, quando produziu livros que tentavam explicar a formação da sociedade patriarcal brasileira, ligando-a à colonização portuguesa, enfatizando a participação de pessoas de cor nessa formação e equacionando a importância dos problemas ecológicos.
Nesse período, ele exerceu o mandato de deputado federal por Pernambuco e criou o então Instituto Joaquim Nabuco, atual Fundação; c) a terceira fase corresponde aos anos 50 e 60, quando