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Ricardo Calmont e Antunes
Uma das dúvidas mais comuns de estudantes e profissionais de Acupuntura se refere ao uso terapêutico dos Canais
Extraordinários. Quais são as suas indicações? Qual técnica utilizar? Devemos apenas abrir os pontos mestres ou abrir os pontos mestres e fechar os pontos acoplados? O uso dos pontos mestres deve ser unilateral ou bilateral? Quais pontos associar? Para tentar responder a algumas destas perguntas, fizemos um pequeno levantamento da literatura. A primeira conclusão, como sempre quando nos referimos à terapêutica pela Acupuntura, é óbvia: diferentes autores utilizam diferentes métodos terapêuticos, todos eles adequadamente embasados na teoria da Medicina Tradicional Chinesa.
Na literatura mais básica, nos Nei Ting Su Wen (capítulos 17, 21 e 62) e Ling Shu (capítulos 27, 28 e 29), os dados sobre trajetos são conflitantes, o que parece refletir a múltipla autoria e revisões sofridas por estes tratados. O primeiro livro a descrever sistematicamente trajetos e sintomatologia foi o Nan Jing, (Clássico da Dificuldades) escrito entre 100
a.C. e 100 d.C. O Mai Jing (Clássico dos Pulsos), de 300 d.C., descreve os pulsos associados ao Canais Extraordinários pela primeira vez. Mas cabem ao Zhen Jiu Da Quan de 1439, a primeira descrição sistemática, reforçada no Qi Jing Ba
Mai Kao (Estudo dos Oito Canais Extraordinários), de 1578 e ao Zhen Jiu Da Cheng (Compêndio de Acupuntura) de
1601, a primeira referência a tratamento específico e a relações com biorritmo.
Em relação à nomenclatura dos Canais Extraordinários, em mandarim são chamados Qi Jing Ba Mai, onde Jing Mai =
Canais (Mai = vasos), Ba = oito e Qi, com a correta pronúncia tonal, extraordinários, no sentido de excepcional, surpreendente. Por isso, são também traduzidos como ou Vasos Maravilhosos ou Meridianos Curiosos.
Fisiologia geral dos Canais Extraordinários:
Para podermos entender a função e o tratamento pelos Qi Jing Mai, é preciso discutir