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1815 palavras
8 páginas
CONSEQUENCIAS DE UMA UTOPIAOntem, tarde da noite, eu andava inconsequente. Muito bêbedo e drogado matei algumas velhas para sentir o sangue delas em minhas mãos. Espanquei algumas prostitutas para não ter que pagar o serviço que elas me prestaram. Resolvi queimar alguns mendigos para ver como o fogo tomava conta de um corpo. Comparei aquela chama com tudo que queimava dentro de mim, alem do uísque e da tequila que ardiam na garganta, em meu coração ardiam lembranças que nem todo o gelo do pólo norte poderia refrescar. Minha pupila dilatada era sinônima de drogas em meu sangue, loucura em minha mente, sujeira entre meus dedos; senti como se Deus sussurrasse em meu ouvido: “Filho, pare com isso! ’’. Mas a cada sussurro que eu escutava minha boca gritava tão alto que acordavam os bebes do outro lado da cidade: “Deus, se não vai me salvar agora, não me faça perder tempo escutando o que não queres dizer!’’. Eu mal conseguia ficar de pé, mas algo me movia. A vontade de jogar para fora todas as minhas dores. Era vontade de brandar ao mundo tudo que eu sentia. O mundo, sim! Foi apenas ele que me restou. Sou um homem muito rico e ao mesmo tempo, um homem muito pobre. Enquanto o banco comemora meus investimentos, meu corpo chora minha melancolia. Sou pobre de essência. A dor e a raiva são as minhas únicas paixões. Como alguém pode amar algo tão ruim assim? Sim, eu respondo: “Amar o ruim é como odiar o que não se pode ter... ’’. Eu amo o que tenho, pois o que já passou não esta mais ao meu alcance e eu não odeio o que não tenho. Na verdade, o que não tenho é porque nunca quis ter. Tudo que desejo é chegar ao fim dessa estrada ilusória e conhecer a realidade. Mas assim como afirmo isso agora, sei que lá na frente afirmarei outra coisa, pois tudo muda menos a mudança que ocorre sobre tudo. A mudança esta imutável, ela é real. A ilusão não esta dentro dela, não se inclui. Mudar é como sair pelado na rua. Traz-te liberdade, traz-te prazer, te faz balançar o que