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9467 palavras 38 páginas
Três dias no Presídio Central de Porto
Alegre
O cotidiano dos policiais militares

Dani Rudnicki

Sumário
1. Introdução. 2. Primeiro dia. 3. Dentro do presídio. 4. Próximo dos excluídos. 5. Conclusão.
“[...] Na verdade o assunto exigia cautela: a prisão modificava as índoles, em certos indivíduos apareciam fundas alterações, gênios incompatíveis se chocavam sem motivo aparente. Indispensável selecionar os companheiros com atenção” (RAMOS, 1965, p. 203)

1. Introdução

Dani Rudnicki é Professor do PPGD/Centro
Universitário Ritter do Reis – Rio Grande do
Sul; mestre em Direito/Unisinos; doutor em
Sociologia/UFRGS; advogado; conselheiro do
Movimento de Justiça e Direitos Humanos.
Brasília a. 49 n. 193 jan./mar. 2012

Ao realizar estudos e pesquisas sobre e dentro de presídios (RUDNICKI, 1996,
1999, 2005, 2010), percebi a necessidade de se conhecer não apenas a realidade dos prisioneiros, mas também dos carcereiros.
Esses estudos são raros no Brasil (entre as exceções CHIES, 2001; MORAES, 2005) e no mundo. Não obstante o descaso, essa profissão aparece como a mais estressante entre 104 pesquisadas (apud Moraes, 2005,
p. 226). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1997, p. 118) destaca seus riscos
(desde a violência até problemas psicológicos, uso de álcool e outras drogas), bem como a remuneração não condizente com a responsabilidade envolvida e acrescenta:
“Os agentes penitenciários têm importância determinante nos serviços penitenciários. Ficam em contato direto com os presos nos pavilhões, nos locais de trabalho e esporte, nos
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corredores, nos portões, na hora de fazer a contagem e abrir alojamentos de manhã e fechá-los à noite. [...] O agente penitenciário, através de suas atitudes e ações concretas em mil coisas práticas do dia a dia, é o espelho no qual os presos identificam o que a sociedade pensa e sente a respeito deles” (CONFERÊNCIA..., 1997, p. 117).
Por que, então, a falta de estudos? Para
Moraes (2005, p. 43), estudar agentes penitenciários

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