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O regresso da mercantilização
Exportar os seus maiores problemas não é a única forma nem tão-pouco a principal pela qual o Estado pode responder à crise de acumulação e legitimação em que se encontra. Face à dimensão burocrática interna e dadas as intensas pressões actualmente por parte das forças económicas, o Estado (e as escolas) pode e deve lidar com a crise refocalizando as suas preocupações para dentro de si mesmo. Pode tentar um controlo mais rígido na sua produção de conhecimento "útil" e de agentes para a força de trabalho e também ao nível da sua própria força de trabalho por intermédio de formas que corporizem o conhecimento e procedimentos técnicos e administrativos utilizados no sector industrial avançado da economia. Como demonstrarei ao longo deste capítulo, esta questão pode ter um impacto muito grande junto dos professores.
Nos dois últimos capítulos, analisei como os trabalhadores e os estudantes criam e recriam culturas vividas que oferecem as bases para as resistências às ideologias de racionalização, aos procedimentos técnicos e administrativos e às "necessidades" de controlo no local de trabalho e na escola. Os trabalhadores não as aceitam sem luta. Os filhos de tais trabalhadores frequentemente vivem na escola uma cultura contraditória, a qual "reflecte" as contradições que repousam no seio da cultura que os pais foram criativamente desenvolvendo ao longo das próprias experiências, não só com o processo de mercantilização, mas também com o processo de trabalho do capital. No entanto, não obstante as resistências se terem construído de forma histórica, tal não significa que o resultado das referidas ideologias, formas de conhecimento e
procedimentos estão esquecidos ou mesmo não são utilizados. Pelo contrário, são transformados. Desta forma, a resistência do trabalhador ao taylorismo e outras técnicas semelhantes conduziu não só à investigação como também ao