JANINE HELFST LEICHT COLLACO

fineo à marechiaro, criado também por Athos (irmão de Mario), que culmina ao acrescentar, à receita anterior, as ostras. (....) Os pratos não são inventados, mas criados, adaptados a um costume ou fantasia, como a vontade de comer alguma coisa diferente. Eles existem seja na geografia, seja na história. Real ou imaginária. A tarefa, portanto, é trazê-los à vida, dar-lhes corpo, de acordo com o desejo. (BARRETO, 2004 p.147) A introdução da novidade, portanto, existia, mas seguia uma liturgia própria. Outra forma de criar novos pratos era atender algum cliente que voltava de viagem e desejava reproduzir algo consumido em seu passeio, como Mario disse ter feito várias vezes. Esse processo também foi mencionado por Giovanni Bruno ao criar o Capeletti à romanesca, quando ainda trabalhava no Gigetto, combinando uma massa recheada com molho à base de creme de leite, ervilha, presunto e palmito, este último um ingrediente de sua cabeça. Aurélio já era menos direto quanto às adaptações embora fossem evidentes quando contou que seu pai foi o responsável por introduzir a caipirinha antes da feijoada, pois “era bebida de pinguço, servida em botequim, não era nada disso”, contou. No plano do consumo, era a abertura de novos acessos a sabores que antes circulavam de maneira limitada pelos interstícios étnicos e os novos imigrantes que importavam técnicas e cozinheiros dedicados a uma gastronomia desconhecida na capital paulista. No plano da produção de comida vários fatores se…