“O descobrimento e a conquista do Brasil”
Há coisas que nos acostumamos a falar, “pensar” e reproduzir sem fazermos a devida reflexão. O descobrimento do Brasil pode servir de exemplo. Na historiografia, como em outros campos do conhecimento, há teorias e métodos para explicação dos fenômenos. No caso do Brasil, e, a rigor, como no da América toda, cairia bem o conceito de exploração. O século XV foi, se quisermos, marcado principalmente pela expansão marítima Europa. O encontro deste continente foi resultado de um século de busca, de aperfeiçoamento técnico, de estudos – como a Escola de Sagres, onde marinheiros eram preparados técnica e intelectualmente -, de investimentos em homens, embarcações e equipamentos. Dessa forma, o encontro de terras deste lado do Atlântico não foi fortuito ou obra do acaso.
Antes mesmo da chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, acendeu-se um conflito entre Portugal e Espanha. Como o primeiro adiantara-se na expansão marítima, e tendo em vista os enormes esforços e recursos que foram despendidos, insistiu em acordos a fim de garantir a posse de terras mesmo que a Espanha as encontrasse antes. A serviço desta última, Colombo descobriu um novo mundo, ao passo que os portugueses, desde o início do século XV, exploravam o oceano Atlântico e pouco haviam encontrado. Reivindicaram, então, parte da descoberta.
Os Tratados de Alcovas (1479) e de Toledo (1480) e a Bula Aetemi Regis (1481) traçavam um paralelo a partir das Ilhas Canárias. O que estivesse ao norte seria da Espanha, ao sul, de Portugal. Pelo Tratado de Tordesilhas, no entanto, assinado em 1494, traçou-se uma linha imaginária no continente americano. As terras que estivessem a leste desse meridiano seriam portuguesas, e as que estivessem a oeste, espanholas. Coube, assim, um terço aproximadamente do atual território brasileiro a Portugal. Ainda que reconhecidos apenas por Portugal, Espanha e pela Igreja, que intermediou os acordos, e contestados por outros países,