O último samurai
Foi em meio à tensão da Europa do período entre-guerras que nasceu Tintim, o jovem jornalista belga que viaja o mundo acompanhado do cãozinho Milu.
O garoto magro de topete loiro e raciocínio rápido foi o personagem mais bem-sucedido de Hergé
Nos 24 livros (um deles incompleto) lançados entre 1930 e 1986, Tintim retratou os conflitos do século 20 em passagens que, tanto hoje como na época, soavam politicamente incorretas. Em 5 décadas, Hergé colecionou processos, críticas, acusações e teve até de pedir desculpas pelas derrapadas de Tintim. a série seguiu em alta e o filme reacende o interesse pelo personagem que ajudou a construir o retrato de um dos períodos mais turbulentos da história. As aventuras de Tintim começaram a ser publicadas quando Hergé virou editor do suplemento jovem do jornal Le Vingtième Siècle, de Bruxelas, na Bélgica. O quadrinista se baseou nos jornalistas mais famosos da época, enviados para cobrir grandes conflitos internacionais.
Na sua primeira aparição, em 1929, ele viaja para a recém-fundada União Soviética. Na época com 22 anos, Hergé tinha ficado muito impressionado com um livro escrito pelo cônsul belga sobre as condições de trabalho no regime socialista e, por isso, optou pela URSS como destino. O país é retratado com grande exagero de estereótipos
Primeiras turbulências
Se a passagem pela URSS não trouxe grandes problemas, a 2ª viagem foi bem menos tranquila. Pelo menos para Hergé. Quando Tintim foi ao Congo, em 1931, o país africano ainda era uma colônia belga os quadrinhos reproduziam a visão eurocentrista da época.
Em um dos trechos, Tintim substitui um professor em uma escola missionária e começa a aula apontando para um mapa da Europa: "Meus queridos amigos, hoje eu vou falar sobre o seu país: a Bélgica" Nas versões posteriores, o mapa foi substituído por um quadro