O ser no mundo Fantone 1

- Fenomenologia - 3º Período - Filomena

A SITUAÇÃO DO HOMEM: SER-NO-MUNDO

Vicente Fatone

Para o existencialismo, o ponto de partida da investigação é a existência e não a essência; na ordem lógica, a existência é, portanto, anterior à essência. Isto não significa que o existencialismo seja uma simples investigação do sentido da existência. Como a filosofia tradicional, também o existencialismo se propõe a responder à pergunta: Que é o ser? A obra fundamental de Heidegger admite esse propósito desde o título, que é Ser e Tempo; a obra fundamental de Sartre chama-se O Ser e o Nada, e confessa o mesmo propósito; a última obra de Gabriel Marcel chama-se, pela mesma razão, O Mistério de Ser. Em todos os casos, trata-se de resolver o que constitui o problema último da filosofia; e também em todos os casos trata-se de não partir do “ser puro”, abstrato, mas da existência humana, que é o ser concreto, e que, além disso, o ser que formula a pergunta pelo ser. Mas a prioridade não se limita a ser prioridade lógica, ou seja, prioridade do problema da existência sobre o problema da essência. Para o pragmatismo de Willian James, e para muitos existencialistas - embora não para todos - há uma prioridade da existência sobre a essência também na ordem do ser: a própria existência é anterior à essência. O existencialismo de Sartre popularizou fórmula “a existência precede a essência”. Mas como a existência de que se fala é, simplesmente, como logo veremos, a existência humana, o que esta fórmula quer significar é que a existência humana precede a essência humana. Se retomarmos a imagem de William James, ela quer dizer apenas que não há uma essência, um ser ideal que adquira logo depois uma existência, da mesma forma que não há músicas ideais que logo depois fossem compostas; e do mesmo modo que uma música já composta se converte numa essência, a existência já vivida se converte também numa essência. Desenvolvendo um pensamento muito grato aos gregos, os existencialistas