O sentido das alianças na guerra fria
Os que perspectivam o futuro econômico regional em função do choque entre neodesenvolvimentistas e neoliberais têm tendência a considerar que as únicas alternativas políticas possíveis se limitam ao centro-esquerda e ao centro-direita . Porém, do seguimento desse conflito não surge qualquer pista para o socialismo do século XXI. Num tabuleiro dominado pela disputa entre Lula, Kirchner ou Tabaré e os seus adversários direitistas, não há modo de imaginar que senda poderia trilhar um processo anticapitalista. Este embaraço é ainda maior se colocar Chávez e Morales no interior desse mesmo bloco centro-esquerdista e conferir à esquerda o rol de acompanhante silencioso dessa aliança.
Esta estratégia pressupõe que as organizações populares e os governos de centro-esquerda tendem a convergir naturalmente, como se os interesses das classes dominantes e os movimentos sociais fossem espontaneamente coincidentes. Mas uma tal junção social teria de exigir, na realidade, um árduo labor prévio de "amaciamento" de todas as reivindicações das maiorias populares.
As frentes destinadas a sustentar modelos capitalistas padecem ainda de um outro problema: tendem invariavelmente a virar à direita. Os seus promotores descobrem sempre mais algum novo inimigo oligárquico, cuja derrota irá requerer ainda maiores concessões ao establishment. Esta maleita também obriga a travestir de virtudes progressistas muitos sectores que anteriormente eram identificados com a reação. As propostas de aproximação de novos aliados ao MERCOSUL para reforçar a batalha contra o ALCA são um exemplo típico desta política. Por vezes até o "subimperialismo espanhol" é visto como candidato à participação na coligação . Por este caminho perdem relevância todas as questões quanto à pilhagem que a Repsol pratica e se reduzem a nada em poucos segundos as denúncias acumuladas durante anos.
A estratégia de alianças abrangentes contra a oligarquia conduz à preservação do