O Rio do Peixe, Bacia do Rio Paraibuna, MG: Uma visão histórico-ambiental a partir da percepção de pescadores do seu entorno.
O Brasil apresenta 80% de seu potencial hidrelétrico a ser explorado em cerca de 4000 trechos de rios, muitos dos quais situados em bacias hidrográficas ocupadas por comunidades humanas. Neste sentido, diagnósticos ambientais são importantes instrumentos no planejamento dos múltiplos usos deste recurso, de modo a prevenir conflitos. O Rio do Peixe exibe potencial hidrelétrico, associado à ocupação humana, pretendendo a presente pesquisa, a partir da vivência e percepção de pescadores que utilizam suas águas, contribuir com o diagnóstico ambiental. A metodologia utilizada foi de natureza quali-quantitativa, envolvendo 31 pescadores de quatro localidades do entorno do Rio do Peixe, longitudinalmente dispostas, da nascente à foz:. Os resultados permitem concluir que: a relação entre os pescadores e o rio tem frequência variável sazonalmente, havendo percepção diferenciada deste entre os pescadores residentes na região que abriga a cabeceira e os residentes próximo à foz. Alterações na dinâmica, volume, tempo de residência das águas, aumento do espelho d’água, profundidade e velocidade, bem como de alteração na vegetação marginal, quantidade e diversidade de pescado foram registradas. A pesca representa uma atividade complementar às outras atividades essenciais à sobrevivência, desempenhando as funções de lazer e de integração social, havendo manifestação de afetividade em relação ao rio em graus variados. A relação de uso das águas do rio independe de posse formal da propriedade privada que lhe serve de acesso, com exceção de uma localidade, onde a construção de uma usina hidrelétrica alterou a relação existente, sugerindo que as categorias pesca e lazer são percebidas como secundárias em relação à categoria usina hidrelétrica na atuação do poder simbólico na localidade.
Palavras-chave: 1.Diagnóstico ambiental. 2.Percepção. 3.Rio do Peixe. 4.Relação homem-natureza.
Nº de páginas: 109