O retrato de Dorian Grey
Definitivamente, a obra-prima de Oscar Wilde “O Retrato de Dorian Gray” é o espelho de uma época. A perfeita descrição da Inglaterra vitoriana, o simbolismo do romance e até mesmo a utilização da obra como prova no julgamento que levaram o escritor a ser condenado à prisão pelo crime de sodomia são alguns dos motivos que tonam a história tão marcante. O romance traz a metamorfose de Dorian Gray e da sua ambição em alcançar a juventude eterna, a perfeição da beleza estética, chegando a sacrificar a própria consciência e vida pelo culto ao belo.
Assim, Dorian Gray, um jovem de marcante beleza e inocência, vai se corrompendo ao longo de uma trajetória de entrega aos domínios carnais, à hipocrisia e dissimulação. Ele se entrega às drogas, ao sexo desregrado com adolescentes, senhoras casadas, à prostituição, às relações homossexuais com vários homens e mulheres ao mesmo tempo, à bebedeira e ao desprezo pelos outros em nome do seu prazer e amor a si mesmo.
Nesse sentido, Dorian se utiliza de vários meios para satisfazer e sua constante busca pelo prazer. Uma dessas formas é o assédio sexual (artigo 216-A do Código Penal), não por um critério de hierarquia, mas de superioridade na relação privada, utilizando-se de sua enorme posição de prestigio social e econômico, constituindo crime formal nos casos em que se utilizou apenas do constrangimento e nos casos em que chegou a obter vantagem ou favorecimento sexual (crime material). Outra violação cabível com relação aos crimes contra a dignidade sexual seria o favorecimento da prostituição (Código Penal, artigo 228), induzindo e atraindo prostitutas à exploração sexual, e, sobretudo, facilitando-a. Por fim, há o favorecimento da exploração sexual de vulnerável (caso que teria ocorrido a Sibyl Vane, menor de ideia à época), conforme o artigo 218-B do Código Penal com discernimento reduzido para a prática do ato.
Muito se especula acerca da possibilidade de Dorian Gray se