O Poder Lim E Abu Da Ci Ncia
Vivemos em um período em que a ciência desfruta de um prestígio jamais igualado. Observamos a reaparição da astrologia, a rejeição das teorias de Darwin, a magia, as religiões místicas ou fundamentalistas, bem como a tentativa de retorno a uma vida mais simples, mas isso tudo não passa de nostálgicas e tímidas reações diante de um mundo onde a ciência e a técnica são cada vez mais freqüentemente chamadas a determinar o curso de nossas vidas.
Nas ciências naturais - e na tecnologia que delas se deriva - o processo de convivência do homem com elas já foi aceitavelmente estabelecido. Contudo, nas ciências sociais persistem muitas questões em aberto, provocando um sem-número de perplexidades e mal-entendidos.
Em um ensaio voltado para a pesquisa nas ciências sociais, devemos começar mapeando os termos dessa convivência da investigação científica com o funcionamento da sociedade. O papel da pesquisa e das ciências sociais em um processo político e de mudança social é particularmente delicado e sujeito a falsas interpretações.
Neste capitulo, tentaremos inicialmente demonstrar que rigor e lógica não demarcam ou caracterizam por si sós o pensamento científico, já que são condições necessárias em qualquer discurso inteligente. As discussões teológicas (como na Suma teológica, de São Tomás de Aquino) ou as Bulas Papais são rigorosas, mas discutem assuntos religiosos ou éticos que passam longe da ciência. Discutiremos aqui as fronteiras da ciência, seus objetivos, seus axiomas básicos de ação, suas exigências mínimas, sua estrutura teórica, sua linguagem rombuda e suas lealdades últimas.
Um ponto crucial da questão é que os chamados enunciados científicos, dados seus mecanismos de validação e a circunspeção com que são feitos, adquirem grande força política e exercem grande impacto em controvérsias sobre temas sociais. Ou seja, a ciência impõe respeito e traz credibilidade a qualquer assunto. Daí grande interesse de poder rotular