O pintor
“O Pintor”
(1ª Parte)
Seguidamente vamos apresentar vários relatos de pessoas que se cruzaram com o protagonista do nosso caso, num dia determinado. O protagonista é um homem de 33 anos, boa aparência, solteiro, pintor de profissão, a que chamaremos Miguel.
RELATO DA MÃE
“-Naquele dia, o Miguel levantou-se à pressa, não quis tomar café, nem comer o bolo que eu tinha feito especialmente para ele. Pegou nos cigarros e saiu porta fora. Reagiu com impaciência à minha intenção de lhe colocar o cachecol à volta do pescoço e aos meus pedidos para se alimentar e agasalhar. Continua a ser uma criança! Se não fosse eu, não sei como seria a sua vida...”
RELATO DO MOTORISTA DE TÁXI
“-Hoje de manhã apanhei um sujeito e não fui muito à bola com ele. Tinha um ar sisudo, seco e não queria conversar. Tentei falar sobre futebol, política e trânsito, mas nada. Mandou-me calar várias vezes dizendo que tinha de se concentrar. Desconfio que é um gajo subversivo, desses que a polícia anda à procura ou desses tipos que assaltam os motoristas de táxi para os roubar. Aposto como estava armado! Fiquei doido por me livrar dele...”
RELATO DO BARMAN DA DISCOTECA
“-Ontem à noite ele chegou aqui acompanhado de uma morena, bem bonita por sinal, mas não lhe ligou nenhuma. Passou o tempo todo a olhar para tudo o que era mulher que chegava.
Quando entrou uma loira, de vestido justo ao corpo, chamou-me e quis saber quem era ela.
Como eu não a conhecia, não esteve com meias medidas e foi à sua mesa falar-lhe! Tipo convencido!!! Eu também sou atrevido, mas essa foi demais...”
RELATO DO PORTEIRO DO PRÉDIO
“- Ele não bate muito bem da bola! Umas vezes cumprimenta, outras finge que não vê ninguém. É difícil entender as conversas dele. É parecido com um parente meu que enlouqueceu. No dia X, de manhã, chegou até a falar sozinho. Eu disse-lhe, “Bom-dia" e ele olhou-me com um olhar estranho, dizendo-me que tudo era relativo, que as palavras não eram iguais para