o papel de estado frente aos conflitos migratórios atuais.
Os processos que desafiam a soberania estatal no controle dos fluxos internacionais de migrantes – como o poder de articulação dos grupos pró-imigração, o fenômeno da “causação cumulativa” e a força que o discurso dos direitos humanos assumiu na atualidade –, também precisam ser consideradas como contradições que permeiam os processos de elaboração e execução das políticas migratórias. Tais contradições representam outra variável decisiva para se pensar nos desafios que os Estados têm enfrentado no estabelecimento de suas políticas de migração.
As implicações sociopolíticas, econômicas e culturais desse processo têm levado os Estados a reorientar seu papel no controle das fronteiras. Muitas vezes, a aparente fragilidade política dos Estados no controle dos imigrantes é, na verdade, uma eficiente forma de ação política, “uma vez que existem setores na sociedade que são beneficiados pela existência de indivíduos com uma situação jurídica frágil e pouca capacidade de organização, como os imigrantes ilegais, por exemplo,” (Reis, 2007, p.20).
De acordo com Castells e Sassen “o Estado está perdendo muito sua autonomia decisória frente a outros atores, sobretudo frente às empresas transnacionais, mas não está perdendo sua influência”, pois ainda hoje o Estado é quem dá a última palavra no contexto das políticas migratórias, não existindo nenhuma instituição capaz de obrigar os Estados a aceitarem imigrantes em seu território. No entanto, as Fronteiras mesmo sob vigilância e controle constante dos Estados, ainda permanecem permeáveis, seja aos imigrantes indocumentados ou às exceções legais, o que demonstra a dificuldade dos Estados em controlar os fluxos migratórios. Como não conseguem impedir de forma efetiva a entrada de imigrantes “indesejados”, os Estados recorrem de forma paliativa a tais programas com o intuito de aumentar a receita de impostos, combater a