O palhacinho e a rosa
Rosa: Que tens? Por que choras tanto?
Palhacinho: (parando de chorar e erguendo a cabeça) Quem disse isso? Quem falou comigo?
Rosa: Eu, ora essa!
Palhacinho:: (espantado): E quem é você?
Rosa: (espevitada): Sou a rosa, não vê? Você não sabe reconhecer uma rosa?
Palhacinho: (hesitante): É que eu nunca vi rosas falantes.
Rosa: Nem eu vi palhacinhos chorões. Os palhacinhos são alegres, sempre alegres, de verdade!
Palhacinho: E é por causa disso que eu choro! O dono do circo vai acabar me mandando embora. Não sou alegre. Quem é que quer um palhacinho triste? (recomeça a chorar).
Rosa: Ó não comece de novo! Vamos conversar, quer? Não chore assim que isso vai lhe estragar a pintura.
Palhacinho: E daí?
Rosa: Daí, você fica um palhacinho triste...e feio, ainda por cima!
Palhacinho: Tem razão! Mas estou com tanta vontade de chorar.
Rosa: Você tem alguma dor?
Palhacinho: (abana negativamente com a cabeça).
Rosa: Então eu não vejo porque tanto chora.
Palhacinho: Já disse choro porque sou triste.
Rosa: E com isso você vai ficando cada vez pior. Cada vez mais triste...
Palhacinho: (abana a cabeça com exagero, concordando) Viu como é triste? Ó quanta tristeza.
Rosa: (impaciente): Acho que você cismou com tristeza. Tomou gosto pelo choro, como certas crianças, que levam um tombinho à toa fazem um berreiro e continuando chorando, mesmo depois de passar a dor.
Palhacinho: (pulando para trás) não me fale em tombos. Não me fale.
Rosa: Por que não?
Palhacinho: Porque é uma das razões de eu ser triste. Todas as palhaçadas acabam em tombos, tombos e mais tombos. E sabe, a criançada ri, todo público ri, quando eu caio. Ri mesmo, com gosto. Ninguém se lembra de perguntar: Doeu? Machucou-se? Você vê, gostam das palhaçadas... Mas com o palhaço mesmo, ninguém se importa.
Rosa: (rindo): Ó, que