O palco principiou a narrar
A TENDÊNCIA NARRATIVIZADORA DO DRAMA NO TEATRO CONTEMPORÂNEO
É inegável a existência de uma forte tendência narrativizadora do drama no teatro contemporâneo. E para compreender essa afirmação é necessário alcançar a importância dessa narrativização, analisando definições, discursos e modos de organização do narrativo, bem como sua enunciação, o modo como se apresenta e sua temporalidade.
A narração é o ato de contar algo e supõe uma seqüência de acontecimentos em um determinado tempo e espaço, fabricando imagens e ações. A narração, por vezes, explica, descreve ou complementa o que está sendo mostrado.
Este gênero, sinônimo de história, surgiu ainda nos tempos primitivos, quando os homens contavam, ou seja, narravam suas próprias experiências, ou de outros, mesmo sem a utilização de palavras, mas se manifestando através de gestos, desenhos, sons. Partindo desse princípio, pode-se também identificar o surgimento dos primeiros espectadores, assim como dos primeiros personagens, participantes da história, localizados, conseqüentemente, num determinado tempo e espaço. Portanto, o teatro, como aponta Margot Berthold, é tão velho quanto a humanidade. Conclui-se, então, que já ali encenavam a vida.
Esta questão pode ser, de início, analisada nos primórdios do teatro, já que a narrativa, seja oral ou escrita, é a mais antiga das manifestações literárias como foi acima sugerido. Esse autor épico evoluiu e atravessou tempos e civilizações até dar origem a epopéias como as de Homero.
A história mítica, transmitida pelos povos, oferecia o material para a feitura da obra teatral, concretizada através da junção de ações, seleção e disposição dos acontecimentos. A fonte literária na qual o poeta se baseava para a construção de uma obra trágica foi, portanto, designada como mythos. A fábula, segundo Aristóteles, é o princípio e como que a alma da tragédia, e está diretamente ligada a ação dramática. E foi nesses meios que o teatro