O orçamento federal e você

O orçamento e você
Por Samir Dib *

Uma família - composta de papai, mamãe, três filhinhos, a vovozinha adoentada, e uma sobrinha órfã -, sobreviveria com dignidade tendo uma renda de R$ 1.483,06, precisando pagar todo mês R$ 1.054,98 (71,14% do orçamento) de dividas? Sobrariam ainda R$ 428,08 para transporte, medicamentos, alimentação, moradia, educação, saúde, lazer, etc. O que? Casa própria? Automóvel? Universidade para os filhos? Plano de Saúde? Previdência Privada? Nem pensar!!! ...eu falei sobreviver!!! ...e com dignidade... essas coisas são supérfluas...

Está realidade não é apenas das famílias brasileiras, é, também, do Estado brasileiro. Se você multiplicar a renda familiar mencionada acima por um bilhão, chegaremos ao valor total autorizado no orçamento da União para gastos, que é de 1,48 trilhões de reais, sendo que, 1,05 trilhões estão previstos para o pagamento da divida publica, o que eqüivale a 71,14% da receita esperada para o ano de 2004. Para os brasileiros? Não sobrou quase nada! Algo em torno de 428 bilhões (28,86%) para se gastar com educação, saúde, transporte, segurança pública, infra-estrutura, etc., etc., etc. – e que provavelmente não serão integralmente pagos.

E se, ao chegar próximo ao dia do seu pagamento, você recebesse apenas uma parcela dos seus vencimentos, no valor de R$ 562,20, com a triste informação de que, nesse mês, o seu salário total seria de apenas R$ 1.141,91, ou seja, 77% do valor integral? Apesar disso, a família ainda teria de liquidar, imediatamente, uma parcela vencida da dívida no valor de R$ 330,90, sendo que, faltaria complementar a importância de R$ 724,08 até o final do mês, para quitar os R$ 1.054,98 de dividas mensais.

Com o Brasil a coisa anda muito parecida. Em 2003 o Governo Lula liberou apenas 77% dos valores previstos no orçamento daquele ano, ou seja, de um total de 1,09 trilhões, foram pagos apenas 846 bilhões (77%). Em 2004 a situação caminha para o mesmo triste fim. Faltando apenas três