O operário
Trevor Reznik está começando a duvidar de sua própria sanidade. Na cena de abertura de “O Operário”, ele está dentro de seu apartamento enrolando algo num tapete – um cadáver. Mas seus problemas começaram um pouco antes. Nas suas próprias palavras, ele “não dorme há um ano”. Extremamente magro, ele parece às portas da morte. Ele trabalha como operador de maquinário numa fábrica e, obviamente, é visto com estranheza pelos colegas. Chega um novo operário na fábrica, o sinistro Ivan, mas aparentemente só Trevor parece conhecê-lo. Um sério acidente provocado por Trevor só o deixa em situação pior com os outros operários. Sua única amiga é a prostituta quarentona Stevie, de quem ele é cliente regular. Por causa da insônia, ele frequentemente vai até o aeroporto para conversar com a mãe solteira Marie, que trabalha como garçonete. Alguém está deixando recadinhos para ele grudados na porta de sua geladeira. Ao abandonar o corpo no tapete num local deserto, ele é surpreendido por um homem com uma lanterna, que pergunta: “Quem é você?”.
Essa pergunta é a chave do filme “O Operário”, suspense psicológico dirigido com precisão e maestria por Brad Anderson e conduzido pela extraordinária performance de Christian Bale como Trevor, mais um discípulo do Método que levou seu papel às últimas consequências. Quem é Trevor? Quem ele matou e enrolou no tapete? Quem o está atormentando e o levando à paranoia? E principalmente, o que aconteceu com ele para trazê-lo a tal estado de desintegração física e posteriormente psicológica?
Como se trata de uma narrativa subjetiva, onde o protagonista está presente em todos os momentos, este é o tipo de filme onde a performance do ator principal é fundamental. E Christian Bale impressiona tanto pela intensidade da sua atuação quanto pelo próprio aspecto físico do personagem, que neste caso é primordial para a história. O visual “campo de concentração” do ator chega a contribuir para o clima de angústia da história (para fazer