O nosso português
O português angolano é a variante da língua portuguesa falada e escrita em Angola.
De todos os países lusófonos, Angola é — com a natural excepção de Portugal e do Brasil — o país onde a língua de Camões mais se propagou pela população e aquele onde a percentagem de falantes de português como primeira língua é maior. Em todo o país, cerca de 70% dos 12,5 milhões de habitantes falam português.
Variante angolana do português
Língua oficial e do ensino e um dos factores de unificação e integração social, o português encontra-se em permanente transformação em Angola. As interferências linguísticas resultantes do seu contacto com as línguas regionais, a criação de novas palavras e expressões forjadas pelo génio inventivo popular, bem como certos desvios à norma padrão de Portugal, imprimem-lhe uma nova força, vinculando-o e adaptando-o cada vez mais à realidade angolana. Alguns dos muitos exemplos são as palavras: camba, cota, caçula ou bazar, que provêm de vocábulos kimbundu, di-kamba (amigo), dikota (mais velho), kasule (o filho mais novo) e kubaza (fugir), respectivamente. Para além dos já plenamente dicionarizados na língua portuguesa batuque, bobó, bunda, cambolar, capanga, cará, catinga, curinga, dendê, gingar, ginguba, jimbolamento, jimbolo, jingo, machimbombo, maxim, minhoca, missanga, mocambo, mocotó, moleque, munda, mupanda, mutula, muzungo, pupu, quibuca, quilombo, quitanda, samba, sibongo, tacula, tamargueira, tanga, tarrafe, tesse, ulojanja, umbala, xingar e muitos outros.
Sobre a existência de uma variante própria do português em Angola, Amélia Mingas escreve:
(...) uma nova realidade linguística em Angola, a que chamamos "português de Angola" ou "angolano", à semelhança do que aconteceu ao brasileiro ou ao crioulo. Embora em estado embrionário, o "angolano" apresenta já especificidades próprias (...). Pensamos que, no nosso país, o "português de Angola" sobrepor-se-á ao "português padrão" como língua segunda dos Angolanos.
—