O Longo Séc. XX1 - Cap. 1 (incompleto)

Cap. 1 – As três hegemonias do capitalismo histórico
Hegemonia, capitalismo e territorialismo
“Hegemonia mundial” é a capacidade de um Estado exercer funções de liderança e governo sobre um sistema de nações soberanas. É o poder associado à dominação, ampliada pelo exercício da “liderança intelectual e moral”. A coerção implica o uso da força ou ameaça de força digna de crédito; o consentimento implica a liderança moral.
A dominação será concebida como fundamentada na coerção; a hegemonia, por sua vez, será entendida como o poer adicional que é conquistado por um grupo dominante, em virtude de sua capacidade de colcar num plano “universal” todas as questões que geram conflito.
Gramsci usou o termo “hegemonia” metaforicamente, para estabelecer a relação entre grupos sociais através de uma analogia com a relação entre Estados. Sendo assim, ao transpor o conceito de hegemonia social de Gramsci das relações intra-estatais para as relações interestatais, estamos retraçando, no sentido inverso, o processo mental de Gramsci. Dessa maneira, ficamos diante de dois problemas.
O primeiro deles é o duplo sentido de “liderança”. Um Estado dominante exerce função hegemônica quando lidera o sistema de Estados numa direção desejada e, com isso, é percebido como buscando um interesse geral. É esse tipo de liderança que torna hegemônico o Estado dominante. Mas um Estado dominante também pode liderar no sentido de atrair os demais para sua própria via de desenvolvimento. Nesse caso, pode-se aumentar a a competição pelo poder, ao invés de aumentar o poder do Estado hegemônico, situação denominada como “liderança contra a própria vontade”. Esses dois tipos de liderança podem coexistir, mas só a no primeiro sentido define uma situação como hegemônica.
O segundo problema é o fato de que é mais difícil definir um interesse geral a nível de sistema interestatal do que no plano dos Estados individualmente considerados. O aumento de poder de um Estado perante os outros constitui uma