O futuro de uma classificação
TAGS: 184, Antonio Teixeira, dossiê, DSM-5, Gilson Iannini
Gilson Iannini e Antonio Teixeira
Num futuro não muito distante…
A ciência progride a passos largos. Quem, há vinte anos, poderia prever a abrangência do DSM-11, lançado ontem? É preciso lembrar que, desde a conturbada recepção do DSM-5, há quase vinte anos, a arbitrariedade de suas classificações e a ausência de fundamentação científica foi percebida tanto pela comunidade neurocientífica quanto pela comunidade dos trabalhadores em saúde mental. Portanto, não é exagero dizer que o dia 13 de dezembro de 2031 entrará para a história. As inovações do volume lançado na noite de ontem prometem um grande avanço científico no tratamento dos transtornos mentais.
Entre as novas síndromes descritas, destacam-se a padronização do tempo de luto normal para até três dias (decorrido esse prazo, o luto deve ser tratado como depressão patológica excessivamente intensa), além da tão sonhada descrição objetiva de 27 síndromes que acometem bebês e recém-nascidos e as tão esperadas síndromes ligadas ao trabalho, à religião, às artes e à política. Além da descrição de mais 374 novas síndromes, somadas aos 1.417 transtornos descritos na última versão, o DSM-11 traz ainda um aplicativo capaz de diagnosticar quaisquer transtornos em pouco mais de três segundos, interligado a um sistema de delivery de medicamentos. Entre as novidades mais esperadas, destacam-se a “síndrome do choro sem causa aparente detectável”, o “transtorno anoréxico infantil” e a “síndrome da insônia precoce”. A “síndrome do choro sem causa aparente detectável” é conhecida de pais e educadores. Antes da última versão do DSM, era erroneamente considerada como condição normal do lactente. Agora, a recomendação é que sejam tratados com psicofármacos bebês que, a partir do terceiro mês de vida, ainda apresentem choro sem causa