O Fantástico na Ilha de Santa Catarina
Natural de Itaguaçu, Franklin Joaquim Cascaes foi um autêntico depositário da Cultura Ilhoa, pois antes de dedicar sua vida à pesquisa das tradições açorianas, viveu-as em meio à comunidade, ouvindo durante toda a infância histórias de pescadores, assombrações, bruxas e boitatás. Aos 21 anos, sem instrução formal, foi descoberto o seu talento como escultor pelo professor paulista Cid da Rocha Amaral, de quem obteve o impulso para os estudos na antiga Escola Industrial, onde se tornaria professor.
Cascaes testemunhou com grande sensibilidade as transformações por que passou a Ilha de Santa Catarina a partir dos anos 40. Sua obra pode ser entendida como uma força de resistência da tradição, da memória e da paisagem natural, denunciando os males do “progresso” e da urbanização. As referências ao jogo político das elites são constantes em “O Fantástico na Ilha de Santa Catarina”, desnudando as promessas ilusórias feitas pelos poderosos e o descaso com os mais humildes.
O autor foi incansável em sua pesquisa, recolhendo histórias junto a pequenos agricultores e pescadores, reunindo mitos, lendas e imaginação em suas ilustrações, esculturas e anotações. Seu trabalho passou a ser divulgado em meados dos anos 1970 e hoje constitui um rico acervo: a "Coleção Professora Elizabeth Pavan Cascaes" (homenagem à esposa e maior colaboradora do trabalho do folclorista), sob a guarda da UFSC.
Estrutura da Obra
- São 24 narrativas bruxólicas, isto é, que têm as bruxas como tema.
- A maior parte das narrativas segue o seguinte formato: ´
a) Introdução no discurso do autor (linguagem padrão)
b) A narrativa em si, em que os personagens, através do discurso direto revelam o dialeto “manezês”.
c) Um epílogo em que o autor retoma a palavra, exaltando as belezas e mistérios da ilha, evidenciando uma relação afetiva do narrador com o espaço.
“Querida ilha de Nossa Senhora do Desterro, a madame estória popular, que veio nos camarotes culturais junto com os ilhéus