O compromisso com a (n)ação em Celso Furtado: notas sobre seu sistema teóricoanalítico

1
O compromisso com a (n)ação em Celso Furtado: notas sobre seu sistema teóricoanalítico
Revista Economia Ensaios, Universidade Federal de Uberlândia, v.20, 2007
Carlos Brandão1
“Sua obra deve ser obrigatoriamente ponto de partida, não de chegada.
Isto é, um enorme esforço teórico deve ser feito para interrogar sobre as novas condições das nações em um capitalismo globalizado, bem como sobre os novos sujeitos da História e sobre as formações políticas”
(Francisco de Oliveira, 2007).
Procuraremos neste breve ensaio apresentar, sucintamente, como o sistema teórico-analítico de Celso Furtado é consistente, relativamente simples, em aberto e dialógico, isto é, que pode (e deve) ter múltiplos interlocutores. Esse sistema possibilita uma robusta reflexão crítica sobre o processo de desenvolvimento capitalista, suas estruturas e sobre o papel de sujeitos e agentes cruciais tomando decisões e provocando reações a decisões, em um contexto histórico em aberto, contingente, à espera de forças sociais que lhe dê conteúdo e logre construir trajetórias mais autônomas, assentadas em sua específica riqueza cultura, e vias plurais alternativas de desenvolvimento.
Dentre muitos pensadores e cientistas sociais de seu porte, Celso Furtado apresenta uma vantagem para quem quer se debruçar sobre sua vasta obra. Realizou várias autoanálises de sua produção intelectual, em diversas ocasiões. Assim temos seu auto-retrato intelectual e sua agenda de investigação expressos em vários textos2, em que explicitou sua formação e estruturou suas perguntas que orientariam toda sua brilhante carreira acadêmica e política.
1 Professor Titular do Instituto de Economia da Unicamp. Pesquisador do Centro de Estudos de
Desenvolvimento Econômico (CEDE) e do Núcleo de Economia Social, Urbana e Regional (NESUR) do mesmo instituto. Bolsista do CNPq. E-mail: [e-mail]. Site: www.carlosbrandao.org.
2 Entendo que a forma mais rápida, simples e correta de ingressar no mundo