O avesso de Maria
Tudo aconteceu na Rua da Imaginação, cruzamento com a Rua da Realidade, numa pracinha onde todos os dias, crianças, jovens e adultos se encontravam ao por do sol, após um longo dia de trabalho, estudos e afazeres diversos, para jogar conversa fora, descontrair, falar mal do alheio, fazer amizades, encontros amorosos e até para decifrar o oculto.
Noite clara e quente propicia a sonhar acordado, dessas que a gente para com os olhos bem abertos para ver tudo, como um zumbi, nada fala, mas tudo vê e reproduz como um filme na mente.
Sentado ali, quieto e atento a tudo, vi Maria chegar, saltitante, alegre como pássaro que acaba de sair da gaiola, cantava e gingava como criança, esquecendo-se até de sua idade que pedia mais compostura.
Ah Maria, quem diria só de olhar que já tinha 20 anos.
Menina que desabrochava, saía das fraldas, sem se dar conta que a espera um mundo de classe, de beleza, de glamour, riquezas, negócios, alianças, feitos e desfeitos e assim, pois é o mundo chamado adulto.
Pobre menina Maria, com ar maroto, lembrava até a garotinha que corria ao encontro do pai ao entardecer e agarrava-o pelo pescoço; já com ar sisudo lembrava a mãe na missa do Padre Libório a rezar as ladainhas a atentar-se ao sermão.
É, mas Maria tinha um que, um que de formosura, escondido sei lá onde.
E foi este que neste ocaso quente, que me pus a buscar.
Olhei cá e lá, frente e costa, acima e abaixo, por fora vasculhei e nada, então ousei ver o avesso de Maria.
Comecei pela estrada com curvas sinuosas e bem desenhadas, quem fora o artista que desenhara e esculpira tão bela obra.
Quando pintou cores vibrantes a ela deu, para brilhar no sol e iluminar com a lua.
Maria; busquei seu olhar as chamas eclodiam sem nenhum pudor talvez essas quem irradiavam em suas curvas.
Consegui num piscar de olhos de Maria entrar.
Você há de convir que fui convidado, não é mesmo, ora não faça essa cara de acusação você nunca foi penetra, nunca intrometeu-se numa conversa da qual não