O Ano de Natália Correia e Aquilino Ribeiro
Natália Correia e Aquilino Ribeiro
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á quem classifique já o ano 2013 como o ano de Natália Correia. Nascida na ilha de S. Miguel a 13
de setembro de 1923, faleceu em Lisboa a 16 de março de 1993, ou seja, cumpre-se, em 2013, 90 anos do seu nascimento e 20 da sua morte. E quem foi Natália Correia?
Na homenagem que lhe prestaram na Assembleia da República, aquando da sua morte, o presidente da Assembleia de então, Mota Amaral, afirmou que “Na sua fugaz passagem pela Assembleia da República,
Natália Correia deixou rasto. Tal como, aliás, em todas as atividades em que, ao longo da sua agitada vida, se envolveu” e o deputado Luiz Fagundes Duarte apelidou-a de “inventora de mátrias” e “criadora de espaços”, valendo-se do pensamento da própria Natália, que a si mesmo se tinha definido como “ave que só sabe voar a toda amplitude do espaço que o seu amor criou”1. Natália Correia era um espírito inquieto, culto, sensível, incapaz de silenciar a contestação, habitualmente rápida e intempestiva. Foi jornalista, dramaturga, romancista, deputada. As suas intervenções no hemiciclo são lendárias e são muitos os deputados e amigos que guardam os rascunhos dessas intervenções, a maior parte, fruto de improvisações.
Dotada poeticamente, as suas respostas eram, não poucas vezes, em verso, mimando os adversários políticos com epigramas repletos de humor e sarcasmo. Poucas vezes terá aquela Assembleia assistido a uma resposta tão cáustica, picarescamente divertida e poeticamente relevante quanto foi a dirigida ao deputado do CDS, João Morgado, que defendia que “O ato sexual é para fazer filhos”, no debate sobre a legalização do aborto, em 1982…
O caráter desta mulher multifacetada é visível na sua obra e na sua ação política, e alicerça-se nos ideais republicanos e na defesa intransigente da emancipação feminina. No ano em que nasceu, um escritor é eleito Presidente da República, Manuel Teixeira-Gomes. Este ano é fértil para o mundo literário,
pois