o amor é uma falácia
Prof. João Maria de Lima (@joaomariadelima)
O Amor é uma Falácia
Max Schulman
Eu era frio e lógico. Sutil, calculista, perspicaz, arguto e astuto - era tudo isso.
Tinha um cérebro poderoso como um dínamo, preciso como uma calculadora, penetrante como um bisturi. E tinha - imaginem só - dezoito anos.
Não é comum ver alguém tão jovem com um intelecto tão gigantesco. Tomem, por exemplo, o caso do meu companheiro de sala na universidade, Pedro Paulo. Mesma idade, mesma formação, mas burro como uma porta. Um bom sujeito, compreendam, mas sem nada lá em cima. Do tipo emocional. Instável, impressionável. Pior do que tudo, dado a manias. A mania é a própria negação da razão. Deixar-se levar por qualquer nova moda que apareça, entregar-se a alguma idiotice só porque os outros a seguem, isto, para mim, é o cúmulo da insensatez.
Pedro, no entanto, não pensava assim.
Certa tarde, encontrei-o a esmo, sentado, com tal expressão de sofrimento no rosto, que o meu diagnóstico foi imediato: apendicite.
- Não se mexa. Não tome laxante. Vou chamar o médico.
- Ai... ai... ai... - balbuciou ele.
- Ai - disse eu, interrompendo a minha corrida.
- Quero um iPhone, quero um iPhone- disse.
Percebi que o seu problema não era físico, mas mental.
- Por que você quer um iPhone
- Eu devia ter adivinhado - gritou ele, socando a cabeça - Devia ter adivinhado que eles voltariam com o iPhone5. Como um idiota, gastei todo o meu dinheiro em livros para as aulas e agora não posso comprar um iPhone5.
- Quer dizer - perguntei incrédulo - que já estão mesmo usando o iPhone5
- Todas as pessoas importantes da universidade estão. Onde você tem andado
- Na biblioteca - respondi, citando um lugar não frequentado pelas pessoas importantes da universidade.
Ele levantou-se e pôs-se a andar de um lado para o outro.
- Preciso conseguir um o I-phone 5 - disse, exaltado - Preciso mesmo.
- Por que, Pedro Veja a coisa racionalmente. Os iPhones