O ambíguo na construção da personagem em “a senhora do galvão”
O AMBÍGUO NA CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM EM “A SENHORA DO GALVÃO” 1 Iara da Silva Costa (ISEDI) Priscilla Alves Mataroli (ISEDI) Taís Alves de Souza (ISEDI) 2 1. INTRODUÇÃO
objetivo desse estudo é analisar os recursos utilizados pelo sujeito da enunciação que causam a ambigüidade, na construção da personagem Maria Olímpia. O texto escolhido foi “Senhora Galvão”, do livro História sem data de Machado de Assis. Segundo Brayner (1979, p. 67), a maioria dos melhores contos machadianos “foi reunida nos dois volumes publicados em 1882 e 1884 (Papéis Arribos e Histórias sem data) e em Várias Histórias (1897)”. A estudiosa na mesma obra comenta que esses tantos “[...] estão menos voltados para o incidente de uma intriga e mais centralizados em torno do comportamento e sentimento das personagens” (BRAYNER, 1979, p. 65), é justamente por isso que elegemos “A Senhora do Galvão” para ser estudado. Nele, como já dissemos, observamos os procedimentos usados para a formação de sentido em relação à configuração da personagem que nomeia o conto. Como embasamento teórico utilizamos o estudo de Gerard Genette (1979). O conto possui um narrador heterodiegético, ou seja, a história é contada em terceira pessoa. Apesar de o enunciador ter total conhecimento sobre os fatos, ele opta por manter a neutralidade narrativa. Esse afastamento efetuado na configuração da intriga interfere no processo interpretativo, pois o leitor conseqüentemente fica mais distante dos acontecimentos. Isso ocorre porque o narrador pode “contar mais ou menos aquilo que se conta, e contá-lo segundo um ou outro ponto de vista [...] manter-se a maior ou menor distância daquilo que se conta” (GENETTE, 1979, p. 160). Nesse texto, a neutralidade enunciativa é um dos fatores geradores do ambíguo. Os outros são as focalizações, o discurso modalizante da ordem do crer e as elipses. Na focalização externa, “[...] a personagem age à nossa frente sem que alguma vez