L Tranger De Camus E A Absurdidade Da Indiferen A
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L’étranger de Camus1 e a Absurdidade da Indiferença(ensaio sobre a Ética do Absurdo)
Lourenço Leite
Si près de la mort, maman, devait s’y sentir liberée et prête à tout revivre. Personne n’avait le droit de pleurer sur elle. Et moi aussi, je me suis senti prêt à tout revivre. Comme si cette grande colère m’avait purgé du mal, vidé d’espoir, devant cette nuit chargée de signes et d’étoiles, je m’ouvrais pour la première fois à la tendre indifférence du monde. De l’éprouver si pareil à moi, si fraternel enfin, j’ai senti que j’avais été heureux, et que je l’étais encore. Pour que tout soit consommé, pour que je me sente moins seul, il me restait à souhaiter qu’il y ait beaucoup de spectateurs le jour de mon exécution et qu’ils m’accueillent avec des cris de haine.2
(CAMUS, 1999: 121-122)
Um dos sete romances mais importantes da literatura universal do Séc. XX L’étranger de Camus é, sem embargo, a obra prima da ética do absurdo. Prefigurado a partir de sua obra A Morte Feliz (Lá Mort Heureuse), escrita em 1936/7 e publicada em 1971, O Estrangeiro (L’étranger, de 1942), além de ser um romance, constitui-se um ensaio metafórico sobre o Absurdo, um de seus temas filosóficos mais pungentes, em que pode-se encontrá-lo, igualmente, nos escritos de O Mito de Sísifo (Le Mythe de Sisyphe, de 1942), Calígula (Caligula, de 1944) e O Mal Entendido (Le Malentendu, de 1944).
O Estrangeiro, romance, nem realista nem fantástico, narra a vida de um funcionário público, Mersault, que é surpreendido em meio ao seu cotidiano com a notícia da morte de sua mãe. Após obter alguns dias de licença de seu chefe, dirige-se ao asilo onde ela residia nos seus últimos anos e, diante do velório e do enterro, não consegue chorar sua morte, causando repercussão entre os demais. Homem solitário e sem demonstrações de afeto, vive uma melancolia mediterrânea que é somente suportada por sua namorada. Em estando a passear na praia com amigos, é abordado por um árabe que o faz se sentir ameaçado de