I – Os caminhos da publicização: Autora: Raichellis, Raquel.
Gênese e transformação da esfera pública – as noções de público e privado
A esfera pública formou-se ao final do século XVIII, configurando-se em um âmbito específico da sociedade burguesa, a partir do desenvolvimento histórico da cultura material burguesa. Este âmbito social, responsável pela mediação entre social civil e Estado, no sentido de fazer valer as necessidades da sociedade civil diante do Estado (e também no interior do Estado), é o que HABERMAS (autor utilizado por Raichellis) denomina de esfera pública burguesa.
A separação das esferas pública e privada no sentido especificamente moderno vai se consolidando com a idéia de privado como o espaço daqueles que não possuem cargo público ou não ocupam cargo oficial. Público, em contraposição, alude ao poder público, aos servidores do Estado, às pessoas públicas que participam da esfera do poder estatal, que tem cargos públicos, cujos negócios são públicos.
A consolidação do Estado de direito liberal-burguês exige o estabelecimento de um conjunto de mediações políticas que tenha legitimidade na sociedade civil. A mediação fundamental será buscada na esfera parlamentar, momento em que a sociedade civil passa a assumir funções legislativas. É a partir daí que a esfera pública burguesa passa a ser um elemento central da teoria política moderna.
No entanto, o Estado de Direito, como Estado burguês, estabelece a esfera pública ao atuar publicamente como órgão do Estado para assegurar institucionalmente o vínculo entre lei e opinião pública.
Ao sintetizar as idéias do (jovem) MARX, HABERMAS expõe sua análise a respeito da sociedade de classes, desmascarando o ideal de independência de uma opinião pública composta por proprietários privados que se acreditam homens autônomos. MARX denuncia a opinião pública como falsa consciência, na medida em que oculta de si mesma seu caráter de máscara do interesse de classe burguesa.
A crítica marxiana da economia política atinge