D. afonse henriques
Personagem oculta por inúmeras e sucessivas camadas de interpretações ideológicas, quer eruditas quer populares, a figura verídica do nosso primeiro
Mas pode-se tentar descobrir como nasceram as narrativas tecidas em torno da sua personalidade, examinar o sentido que tinham quando apareceram e reconstituir os sucessos de que Afonso Henriques foi protagonista.
Se não é possível traçar-lhe o retrato preciso, pode-se, ao menos, estudar as suas orientações políticas e administrativas, conhecer os seus principais auxiliares e justificar o êxito da sua obra.
Apesar de assim desaparecer o herói sobrenatural, toma inegável relevo o seu talento político e militar e, por conseguinte, o seu direito a ser de facto considerado o rei fundador de Portugal.
Talvez por ser o governante que mais anos deteve o poder político em Portugal. Talvez pela sua longevidade pois tendo nascido, segundo Mattoso, em “meados de Agosto de 1109, morreu a 6 de Dezembro de 1185 – com 76 anos de idade!
São as vitórias guerreiras de Afonso Henriques que lhe permitem usar o nome de rei. Os súbitos consideram-no seu legítimo soberano. Foi também a guerra que consolidou a sua autoridade e lhe permitiu transmitir o título e a independência a seu filho Sancho I. Foi a guerra que lhe assegurou um território suficientemente amplo para deixar de ser um mero condado. Só a partir de 1190 é que Portugal deixa de ser um reino inteiramente voltado para a guerra. Agora o rei passa a ocupar-se com a organização administrativa, económica e social.
Em 1131 Afonso Henriques abandona Guimarães para fazer de Coimbra o centro do reino. Segundo os historiadores (Mattoso), terá sido esta decisão, a mais transcendente de todas para a sobrevivência de Portugal como nação independente.
Já D. Henrique e D. Teresa tinham permanecido temporadas em Coimbra. Mas a partir 1131 Afonso Henriques torna a estadia definitiva. Coimbra passou a ser o lugar onde o rei residia e onde estava situado o Mosteiro de