c.h.m.n.

1702 palavras 7 páginas
A Mulher dentro do Cortiço
Ao analisarmos o estereótipo das mulheres da obra O Cortiço, percebemos que o autor acaba por interpretá-las da mesma forma, colocando-as em um mesmo patamar de promiscuidade, selvageria e instintividade primitiva, independente da classe social da qual ela venha a pertencer.
Com isto percebemos uma necessidade por parte do mesmo em caracterizar as mulheres como um objeto de futilidade, e ela como um animal, sem espírito e consciência dos seus próprios atos. No entanto ao homem fica reservada a compreensão de sua instintividade, já que é macho, como podemos perceber na citação retirada da obra em questão.
Mas, daí a um mês, o pobre homem, acometido de um novo acesso de luxuria, voltou ao quarto da mulher. [...] Miranda nunca a tivera, nem nunca a vira assim tão violenta no prazer. Estranhou-a. Afigurou-se-lhe estar nos braços de uma amante apaixonada; descobriu nela o capitoso encanto com que nos embebedam as cortesãs amestradas na ciência do gozo venéreo. (AZEVEDO, 2004, p.21)
No trecho acima, percebe-se a necessidade do autor em colocar o ato de Miranda, como algo que provém da luxaria e da necessidade masculina, porém, também deixa claro o fato de sua esposa, D. Estela, não poder assumir na cama o papel de amante voraz pelo amor e as caricias do próprio esposo, tanto que quando utiliza o termo “cortesã amestrada”, fica claro que uma esposa jamais poderia assumir tal função.
No decorrer da obra encontramos diversas mulheres figurando aspectos que vão sendo visualizados entre os habitantes destas moradias. Dentre elas, principalmente as lavadeiras, prostitutas, amas de leite, ex-escravas que na verdade continuavam numa condição de total submissão, como no caso de Bertoleza, que juntava suas moedas para a compra de sua alforria.
Bertoleza, “crioula trintona” (AZEVEDO, 2004, p.15), que conseguiu reunir certa quantia em dinheiro a partir das viandas que cozinhava para fora. Desta quantia passava uma porcentagem ao seu dono, um velho

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