A águia e a galinha
Essa história é narrada pelo autor duas vezes de formas diferentes, uma realista e outra no estilo hebraico de midraxe-hagadá. Mas deve ser compreendida como uma metáfora da condição humana. Ao lermos a obra nos deparamos com duas questões fundamentais da natureza humana. A primeira: quase nunca olhamos além do limitado, sendo assim seres condicionados e acomodados à dimensão do enraizamento, do cotidiano, que seria o símbolo da galinha. E a segunda: a dimensão da abertura, do desejo, do ilimitado, de seres que sonham acordados, que veem muito além, representando o símbolo da águia. Sendo assim, cada leitor ao lê-la irá interpretá-la de acordo com as suas experiências de vida.
O autor vê no ser humano essa dualidade águia/galinha como a dualidade realidade/sonho, necessidade/desejo e elas não são isoladas, mas sim complementares, atuando constantemente na vida do homem.
Ele mostra que não podemos nos limitar a sermos somente galinha ou somente águia. Como galinhas somos seres concretos e históricos, mas jamais devemos esquecer nossa abertura infinita, nossa paixão indomável, nossa dimensão águia. Daí se faz necessária à convivência equilibrada entre essas duas dimensões. Pois a águia compreenderá a galinha e a galinha se associará ao voo da águia. Afinal, sempre existem momentos em nossa vida que devemos articular as relações e realizar a