a sociologia do trabalho industrial
Trabalho Industrial no Brasil:
Desafios e Interpretações*
Nadya Araujo Castro
Marcia de Paula Leite
Os Parâmetros de Constituição do Campo de Estudos sobre o
Trabalho Industrial no Brasil
Dois desafios principais sentaram as ba ses da m oderna Sociologia do Trabalho In dustrial no Brasil, um de natureza histórica e outro de natureza institucional. O primeiro deles rem eteu a intelectualidade brasileira dos anos 60 para a necessidade de explicar a emergência, contem porânea a esses pensa dores, de um novo operariado. Autóctone, ele era fruto de um processo de industrializa ção acelerada que se intensificara a partir da segunda m etade dos anos 50, num contexto político onde o forte apelo populista interpe lava as chamadas “massas urbanas”, incorporando-as como elementos-chaves de um dis curso de Estado. O desafio radicava em en tender a natureza e as atitudes deste proleta riado industrial, vale dizer, sua constituição como um grupo social peculiar no interior das relações sociais e das novas formas de sociabilidade em ergentes nas grandes m etró poles brasileiras, notadam ente São Paulo.
U m a im portante linha de reflexão esbo çou-se, então, estabelecendo os parâm etros do campo da futura Sociologia do Trabalho no Brasil. Duas vertentes principais nela se incluíam. D e um lado, havia os estudos que
buscavam investigar as atitudes políticas e profissionais dos trabalhadores em sua rela ção com os sindicatos; para seus autores, as origens culturais e regionais da classe operá ria proviam a explicação primeira para as suas formas de expressão no Brasil (Cardo so, 1962; Lopes, 1965; Pereira, L., 1965; R o drigues, L., 1970). De outro lado, estavam aqueles que indagavam sobre a vinculação estrutural existente entre sindicalismo popu lista e Estado, avaliando o que significara a tutela estatal para o desempenho dos sindi catos em seu papel de formadores da cons ciência operária (Rodrigues, L., 1966; Rodri gues, J., 1968; Simão,