A SAMARITANA

A Samaritana
Jo 4,1-42

O autor do Evangelho Segundo São João já nos apresenta diversos aspectos da “novidade” que Jesus traz: o vinho messiânico de Cana, abundante e perfeito; o Templo renovado de Deus; o renascimento na água e no Espírito. Nessa tentativa de descrever o dom de Deus em Cristo, o Evangelista o descreve como fonte de água vivificante jorrando para a vida eterna; como adoração digna de Deus, que é Espírito, portanto uma adoração em espírito e verdade. Além disso, ele insiste que o alimento de Jesus é a realização da vontade do Pai. Parte dessa vontade é o trabalho missionário em campos prontos para a colheita.

A construção do capítulo é, com certeza, uma das mais dramáticas do Evangelho. Se o dividirmos entre suas várias partes de fala
1) um narrador
2) Jesus
3) A samaritana
4) Os discípulos
5) Os habitantes da cidade teremos um teatro instantâneo. Outro elemento do relato que se presta a apresentação dramática é o jeito como a partida dos discípulos esvazia o palco para o diálogo com a mulher (v.8) e a partida da mulher o esvazia para o diálogo com os discípulos (v.28). O cântaro da mulher, deixado para trás no v.28, age como contra-regra para avisar a platéia que ela voltará. Há até mesmo progressão dramática na fé-conhecimento da mulher e da gente de sua cidade. Do simples conhecimento de que Jesus é judeu (v.9), as personagens passam para a crença nele como profeta (v.19), Cristo (v.25-26.29) e, finalmente, o Salvador do mundo (v.42).

O capítulo, além disso, está estruturado de maneira excelente, focalizando os dois diálogos centrais – o primeiro com a mulher, o segundo com os discípulos. A estrutura está elaborada assim:

Introdução (v 1-6), na qual Jesus deixa a Judéia e vai para a Galiléia, ao norte. No caminho, passa pela Samaria, onde, em Sicar, descansa ao meio-dia ao lado do poço de Jacó (que ainda existe e é utilizado).

PRIMEIRO DIÁLOGO (v 7-26), entre Jesus e a samaritana, sobre:

a) água viva. A água do