A roxa de Hiroxima
Vinícius de Moraes
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada
O poema “A rosa de Hiroxima” trata de o ataque nuclear americano à cidade de Hiroshima no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial. Foi escrito após a segunda guerra por Vinícius, durante sua estadia nos Estados Unidos. O poema faz parte da Segunda fase do poeta, 1943, deixa um pouco de lado o estilo metafísico e passa a ser mais físico. Nesta época Vinícius passa a explorar os contextos sociais, como por exemplo, este poema, que traz uma exortação à paz, se trata de um protesto contra o armamento atômico.
Análise
O poema de Vinícius de Moraes pode ser dividido em duas partes. A primeira parte do poema possui versos formados por cinco sílabas, redondilhas menores, e terminados com a letra “s”, no plural, que trás um sentido de muitos atingidos pelo efeito da bomba.
Pen / sem / nas / me / ni / nas
Ce / gas / i / ne / xa / tas
Todas as rimas estão no feminino, o que remete a bomba. O jogo de ideias do poema, que aparece através da apresentação sequencial de expressões que nos remetem a cenas, trás consigo um apelo emocional: Pensem nas crianças
Mudas telepáticas (problemas de má-formação do feto)
Pensem nas meninas
Cegas inexatas (uma variação de catarata e problemas motores)
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas (comprometimento do sistema hormonal)
Já, no verso 10 em diante, quando se relata da bomba, propriamente dito, e da cidade Hiroshima, vê-se a rapidez com que esta atinge a cidade que é devastada imediatamente. Parece-nos que o poema começa pelo fim da tragédia, pois os 10 últimos versos deveriam ser os primeiros e os 9 primeiros