A Revolução dos Bichos
Neste último o autor tematiza exatamente o fracasso da Revolução e a ascenção do stalinismo, recorrendo ao velho expediente das fábulas tradicionais, ou seja, utilizando-se de animais para representar os homens. O ponto de partida são as reflexões de um velho porco (que representa Karl Marx), o qual constata que os animais, apesar de superiores aos homens, são explorados por eles. Propõe, então, uma revolução que modifique esse estado das coisas.
O porco morre, mas outros porcos decidem levar seus ideais adiante, promovendo a revolução na fazenda onde vivem. Com o auxílio de outros animais, subjugam o dono da propriedade, que passam a administrar, teoricamente em benefício da coletividade animal. Porém, com o passar do tempo, os porcos vão se impondo aos outros bichos e assumem, na prática, o papel que era exercido pelos homens.
Na visão orwelliana do processo revolucionário, os porcos representam os bolchevistas e o desenvolvimento da trama vai mostrá-los assumindo o mesmo papel de domínio e exploração anteriormente exercido pelos homens, que se identificariam com a burguesia.
É impossível discordar do autor no que se refere ao chamado socialismo real. Em todos os lugares do mundo onde ele foi implantado ao longo da história, um partido - e via de regra o líder desse partido - tomaram o lugar da classe social que deveria comandar o processo revolucionário, substituindo a "ditadura do proletariado" proposta por Marx por uma ditadura do partido. Foi assim na União Soviética e em seus satélites do Leste Europeu, na China, no Camboja, em Cuba e na Coréia do Norte.
Dada