A PRODUÇÃO RENTISTA DA HABITAÇÃO NO BRASIL ENTRE FIN AIS DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX Cópia
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INTRODUÇÃO
A realidade urbana brasileira de hoje é retrato de uma sociedade que jamais conseguiu superar sua herança colonial para construir um projeto de nação menos desigual. Há um abismo entre a ordem legal e a cidade real: o brasileiro mora mal nas grandes cidades por conta do modelo de desenvolvimento caracterizado ao longo da nossa história pela produção e reprodução de desigualdades, resultando na exclusão social de parcelas significativas da população sem acesso aos direitos fundamentais daquilo que se caracteriza por cidadania e gerando um modelo de cidade marcado pela segregação e ilegalidade urbana.
Pretende-se fazer, neste texto, uma leitura dos processos que acometeram as cidades brasileiras no período que compreende a segunda metade do século XIX e as décadas iniciais do século XX, abrangendo a passagem do modelo agroexportador para o modelo urbano-industrial, e que deixaram até os dias atuais marcas profundas na sociedade. Procuraremos destacar a relação entre desigualdades sociais e segregação sócio-espacial, tendo como recorte analítico a produção rentista da habitação, com enfoque na emergência dos cortiços e na natureza das primeiras intervenções urbanísticas.
Visando atingir o objetivo proposto, procedemos a um conjunto de procedimentos metodológicos, que incluíram levantamento, seleção e leitura bibliográficos sobre temas atinentes à produção rentista da habitação, levantamento de dados e registros históricos sobre cortiços no Brasil, compilação de imagens, entre outros.
Além desta introdução, o texto está estruturado em outras sete partes, considerando a conclusão e as referências. Na primeira parte buscaremos entender entender a gênese da propriedade privada urbana, assentada com a Lei de Terras de 1850, que transformou a terra definitivamente em mercadoria e afastou a