A poesia de Cesário Verde
Cesário Verde não dá a conhecer aquilo que sente, procurando, ao invés, descrever os objetos de forma pormenorizada (é realista), como se fosse “uma aguarela”, tentando despertar nos outros sensações e ideias. Quando recorre à subjetividade, apenas transpõe o que observa com objetividade.
Cidade vs. Campo:
Cidade
Campo
Da cidade de Lisboa, por onde deambula, descreve as ruas soturnas e melancólicas, com sombras e bulício, e absorve-lhes a melancolia, a monotonia, o “desejo absurdo de sofrer”. Nesta cidade projeta imagens da mulher formosa, fria e altiva; os vícios e as fantasias mórbidas.
Do campo, canta a vida rústica, de canseiras, a sua vitalidade e saúde. É o campo útil onde o poeta se identifica com o povo.
Espaço disfórico
Espaço eufórico
Espaço da perdição
Lugar da salvação
Lugar da morte
Lugar da vida, do nascimento e da fertilidade
Lugar dos funerais
Lugar dos casamentos e dos batizados
Lugar da doença
Lugar da saúde
Lugar das limitações – sociais, físicas e sexuais
Lugar do fim de todas as limitações – sociais, físicas e sexuais – espaço fértil
Espaço da perversidade e da sujidade
Espaço da pureza
Lugar da indiferença em relação aos problemas sociais
Espaço da humanidade
Lugar da opressão
Lugar da liberdade
Lugar da tristeza e da infelicidade
Lugar da alegria e da felicidade
Esta oposição conduz simbolicamente à oposição morte/vida. É a morte que cria em Cesário a repulsa à cidade por onde gostava de deambular, mas acaba por aprisioná-lo. Cesário reconhece a certeza da morte e identifica-a com a cidade soturna, com os “focos de epidemia”, cheia de solidão e de miséria. A salvação para a sua vida parece surgir no campo.
A imagética Feminina
Mulher fatal
Mulher angélica
A mulher fatal, altiva, aristocrática, “frígida” que atrai/fascina o sujeito poético, provocando-lhe o desejo de humilhação. É o tipo citadino artificial, surge portanto associada à cidade servindo para retratar os