A OPERA O MAR VERDE
A INVASÃO DE CONAKRY
OS ANTECEDENTES POLÍTICOS DA OPERAÇÃO
«MAR VERDE»
Comunicação apresentada no Colóquio Internacional O Colonialismo Português na Época Contemporânea: Dinâmicas e Contexto.
Universidade dos Açores - 8 a 10 de Novembro de 2012.
Já se passaram mais de 40 anos sobre a invasão da Guiné-Conakry por tropas portuguesas (operação «Mar Verde»), em Novembro de 1970, mas esta acção ainda não está, creio eu, totalmente esclarecida no que se refere aos seus antecedentes políticos. Embora o processo oficial relativo a esta operação tenha sido destruído1, sabe-se tudo, ou quase tudo, sobre como foi militarmente preparada, quem participou, como foi executada … Existem os depoimentos do Capitão de Mar-e-Guerra Alpoim Calvão2, existem livros, existem entrevistas e artigos vários sobre o assunto, existe, até, um depoimento escrito do Marechal Spínola3, mas pouco, ou nada, se fala dos antecedentes mais remotos da operação, os seus antecedentes políticos. Tal como não se relacionam os contactos que Spínola pretendeu estabelecer com o PAIGC para uma solução pacífica da guerra. Com efeito, no seu livro País Sem Rumo,4 Spínola afirma5 que “desde o princípio de 1970 e com conhecimento do Governo de Lisboa, estabelecera os primeiros contactos com os chefes da guerrilha do PAIGC» e que «nesses contactos se gizara desde logo um plano que previa a transformação das forças da guerrilha do PAIGC em Unidades Africanas das Forças Armadas Portuguesas e a nomeação de Amílcar Cabral para o cargo de Secretário-Geral da Província com o Secretário-Geral em exercício6, conforme orgânica sugerida e a promulgar para o efeito». O próprio Amílcar Cabral estaria a par desses contactos e disposto a aceitar a sua nomeação para o cargo de Secretário-Geral mas seu irmão Luís7 afirma que «é absolutamente falsa toda e qualquer informação procurando fazer crer que, directa ou indirectamente, teria havido contactos oficiais ou oficiosos entre o