A nova des-ordem mundial
“Vivemos imersos de tal modo numa “tecnosfera” (Milton Santos), que a tomamos como uma segunda natureza, como algo que desde sempre esteve aí. Estamos, assim, dominados por uma ideologia nada abstrata, e talvez, por isso mesmo, ainda mais poderosa, pela qual tudo o que nos rodeia se deve à revolução científico-tecnológica”. (pag. 105) “O que difere de uma sociedade para outra, ou em uma mesma sociedade ao longo do tempo, é a relação que cada uma mantém com as técnicas, com as suas técnicas.” (pag. 105) “Deveríamos, pois, considerar com mais atenção que a revolução tecnológica não é externa às relações sociais e de poder.” (pag.106) “É preciso desnaturalizar a técnica, enfim libertá-la dessa visão que fala de uma revolução tecnológica em curso sem se perguntar quem a põe em curso.” (pag.106)
“As técnicas modernas serão, desde o início, técnicas que, ao mesmo tempo, dominam homens para que se possa dominar a natureza, até porque a natureza estava povoada por todo o lado.” (pag. 107)
“A burguesia mercantil e as monarquias centralizadas ibéricas, desde o Renascimento, vêm apropriando-se de conhecimentos vindos de vários povos e regiões do mundo, inicialmente do Extremo Oriente e do Oriente Próximo, como a cartografia, a bússola e a pólvora–conhecimento que dizem respeito ao deslocamento, à circulação e não à produção propriamente dita.” (pag.107/108)
“Modernização é, desde sempre, colonização. A devastação de povos e de seus recursos naturais - ecocídio, etnocídio e genocídio - caminhou junto por todo lado na constituição do sistema-mundo moderno-colonial.” (pag. 108)
“Não há como deixar de registrar que o estatuto colonial da modernidade conformou uma geografia desigual dos proveitos e dos rejeitos e uma des-ordem ambiental planetária desde sempre.” (pag. 108/109)
“O sistema-mundo moderno- colonial entrará em uma nova fase com uma nova revolução nas relações sociais e de poder com o uso do carvão