A MORTE DO BOM VELHINHO
A MORTE DO BOM VELHINHO
Nilton Braga, Péricles Barros,
Bernardo Guilherme, Marcelo Gonçalves e Cláudio Paiva.
BLOCO 1.
CENA 1 - RUA/PASTELARIA - EXT/DIA.
NENÊ TENTA LEVAR LINEU PARA A PASTELARIA, MAS ELE RESISTE.
LINEU - Eu não vou pedir dinheiro emprestado pro Beiçola.
NENÊ - Eu nunca passei um Natal sem festa e não é agora que eu vou passar!
LINEU - Não dá pra fazer uma coisinha mais simples?
NENÊ - “Coisinha simples” eu faço todo dia. (T) Lineu, o Tuco já é pai, Bebel e Agostinho saíram de casa... Eu quero fazer uma festona pra mostrar pros nossos filhos como é importante a gente estar juntos! Se a gente não se encontrar no Natal, vai se encontrar quando?
LINEU - A gente se encontra todo dia...
NENÊ - Ou a gente arruma dinheiro pra fazer essa festa, ou a gente passa o Natal com o tio Juvenal e minhas primas em Governador Valadares. É isso que você quer?
LINEU - (RESIGNADO) Eu vou pedir dinheiro emprestado.
ELES CHEGAM NA PASTELARIA.
BEIÇOLA - Bom dia, Lineu. Bom dia, dona Nenê. O que vocês querem?
LINEU - (SEM GRAÇA) Eu? Nada! Eu só quero um pastel...
NENÊ - Não é só um pastel que a gente quer...
LINEU - É verdade. Nós queremos dois pastéis. Um pra mim e um pra ela.
NENÊ - Deixa comigo, Lineu. (T) Beiçola, há quanto tempo a gente se conhece?
BEIÇOLA - Ih, há muito tempo! A minha mãezinha ainda era viva!
NENÊ - Pois é. E desde que a sua mãezinha morreu, quem é que cuida de você? Quem é que sempre fica do seu lado quando você tem algum problema?
BEIÇOLA - São vocês, é claro. Vocês são a minha família. O Lineu é como se fosse um irmão, e a senhora... (EMOCIONADO) Puxa, nem sei o que dizer da senhora...
LINEU APONTA UM PRATO AO LADO DOS PASTÉIS, NO BALCÃO.
LINEU - Beiçola, que farinha é essa?
NENÊ - Agora não, Lineu. Estou no meio de um assunto importante.
LINEU - Isso também é importante. Essa farinha parece estragada.
BEIÇOLA - Isso não é farinha. É a minha mãezinha.