A moralidade segundo Jean Piaget
Piaget realizou muitas pesquisas sobre o estudo da moralidade. Segundo ele a moralidade na criança não é algo intrínseco, que já nasce com ela, mas é um processo construído na interação das crianças com os adultos e o meio. Piaget (1994,p. 23) afirma que as regras morais que a criança aprende a respeita, são transmitidas pela maioria dos adultos, isso significa que elas já chegam elaboradas, porém não na medida de suas necessidades e interesses, mas de uma única vez através da sucessão ininterrupta das gerações adultas anteriores.
Antes da interação com seus pares, a criança já é influenciada pelo convívio familiar, onde desde o nascimento é submetida a várias regras disciplinares, e mesmo antes de falar já tem consciência que possui certas obrigações. As regras sociais não correspondem às necessidades e interesses da criança. Nos estudos realizados por Piaget, o processo de construção da moralidade na criança ocorre em três etapas de desenvolvimento, onde é possível perceber atitudes dominantes de acordo com a idade.
A primeira etapa denominada como anomia ( a: negação; nomia : regra, lei), coincidindo com o “egocentrismo” infantil, dura desde o nascimento até os 4 ou 5 anos aproximadamente. Nessa fase não existem regras e as necessidades básicas indicam as normas de conduta.
Quando a criança atinge 7 ou 8 anos, se inicia a fase heterônoma, caracterizada pelo comportamento de submissão às regras e aos deveres impostos através da coerção. Para crianças nessa etapa as regras são vistas como “sagradas”, intocáveis e imutáveis, pois quem as determina é o adulto, que detém a superioridade inquestionável e inatingível. “A regra é considerada como sagrada, intangível, de origem adulta e de essência eterna; toda a modificação proposta é considerada pela criança como uma transgressão” (PIAGET, 1994, p.34)
La Taille (1992, p.61) refere-se à coação e à cooperação como dois conceitos opostos, principalmente em relação à