A importancia de novas variáveis para a hanseníase, tucuruí-pa, 2004
A hanseníase é uma doença mutilante, desfigurante e incapacitante que pode atingir a todas as idades e ambos os sexos. Atualmente, ela representa uma das poucas doenças com elevação da incidência em nosso país, apresentando uma tendência contrária àquela que vem ocorrendo em termos mundiais. Por isso, é imprescindível a ação de uma vigilância resolutiva visando a melhoria da operacionalização dos serviços de prevenção e controle, especialmente, através da coleta, processamento e análise de informações precisas, bem como no estudo de novas tecnologias, novas variáveis, capazes de fornecer uma visão mais fidedigna dessa endemia.
Essa necessidade vem de encontro ao quadro epidemiológico atual da hanseníase, que demonstra a importância da realização de estudos que estabeleçam pontos ainda obscuros ou mal esclarecidos da história natural da infecção e da moléstia. Um exemplo é a imunidade específica de cada indivíduo ao Mycobacterium leprae. A literatura refere que entre 100 pessoas expostas ao bacilo, apenas 10 adoecem. Outro fato que merece atenção é que raramente ocorre em crianças. Observa-se que menores de quinze anos adoecem mais quando residem em áreas onde há uma maior endemicidade da doença, ou quando têm um contato direto com um doente contagioso. Além das condições individuais (nível de imunidade específica para o bacilo), outros fatores relacionados aos níveis da endemia (localidades com grande número de doentes de hanseníase), condições sócio-econômicas desfavoráveis, condições precárias de vida e de saúde, e também elevado número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente que um doente contagioso, influem no risco de adoecer. O que explica a associação da endemia com a extrema pobreza. Embora, indicadores que explicitem tal suposição não sejam comumente estudados, bem como os hábitos alimentares, o estado nutricional, vacinação com BCG-ID, renda mensal, etc, o que acaba prejudicando significativamente a análise dos