A IGNORÂNCIA QUE MATA
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A IGNORÂNCIA QUE MATAPor Paulo Henrique Abreu*
Estamos vivendo sob a barbárie e parece que a ainda não nos demos conta disso. Será que estamos retrocedendo? Os linchamentos de pessoas e a selvageria de ações isoladas sinalizam que estamos voltando ao que era antes, o estado da natureza.
Nos primórdios da humanidade não existiam regras civilizatórias que regulassem o comportamento do indivíduo e de sua comunidade. A ignorância, aliada com a força e a esperteza, fazia-se de normas à época. Os "deslizes" eram punidos, mas de forma nada convencional, com julgamentos instantâneos sem o direito ao contraditório.
O princípio da ampla defesa e do contraditório faz parte do arcabouço jurídico do devido processo legal. Sem tal princípio, não há julgamento isento e justo. O Estado, como estrutura organizada de uma sociedade, deve garantir qualquer que seja a pessoa (criminosa ou não) o direito elementar de defender-se de uma imputação criminal a ela atribuída. Não tendo esse direito, o leque fica aberto para o cometimento de injustiças contra verdadeiros inocentes.
O culto à violência, em nosso país, tem nos conduzido a uma sociedade doentia. O que ocorreu nesses últimos dias, em São Paulo e em Pernambuco é fruto da ignorância de um povo que vem sendo movido por uns irresponsáveis da televisão e do rádio - e agora invadem as redes sociais -, cujo discurso visa incentivar, a despeito do combate à violência, a população para que reaja a ação dos bandidos.
O linchamento dessa moça, mãe de família, no Guarujá-SP, brutalmente assassinada por uma população enfurecida e sem direito à defesa pelo fato de ter sido acusada de um um suposto "crime de magia negra" e a morte do jovem torcedor, em Recife, atingido por um vaso sanitário, jogado do alto das arquibancadas de um estádio de futebol, são sintomas de uma doença social que não deve ser desprezada por nós e, tampouco, pelas autoridades constituídas.
As "sheherazades", os "datenas'' e os "rezendes" da vida