A ideia de filosofia no Brasil
O curso durava três anos e abrangia, além de Matemática, as disciplinas de Lógica, Física, Ética e Metafísica. Estas quatro últimas disciplinas apoiavam-se nas obras aristotélicas correspondentes, segundo a didática e a metodologia reguladas pela Ratio Studiorum, o assim denominado projeto político-pedagógico formulado pela Cia. de Jesus como resultado de mais de meio século de experiência. Como parte de uma política pública de ensino, o curso de Artes na Bahia teve como modelo o que funcionava junto à Universidade de Coimbra desde 1555, quando o rei D. João III entregou aos jesuítas a direção do colégio que fora instituído e encarregado deste ensino específico. Por esta razão, o colégio na Bahia só se tornou inteiramente qualificado para oferecer um curso de Artes após a chegada de Portugal do Padre Gonçalo Leite, o qual logo passou a exercer as funções de Reitor e Prefeito dos Estudos, além de ministrar as disciplinas filosóficas (LEITE, 2004, v. I, p. 30).
Não obstante o perfil escolástico da Ratio Studiorum em sua recomendação de Aristóteles sob a interpretação de Tomás de Aquino, convém observar que o aristotelismo conimbricense dos jesuítas não se reduz ao conceito de uma “segunda escolástica”, se o considerarmos com vistas à filosofia moderna. Com efeito, caráter filosófico da renovação do aristotelismo no século XVI é a exigência de rigor na fidelidade a Aristóteles, cujo pensamento fora considerado falseado pelas